sábado, 23 de maio de 2015

Tremores reduziram São Francisco a cinzas em 1906

O terremoto e os posteriores incêndios que destruíram São Francisco em 18 de abril de 1906 mataram mais de 3 mil pessoas e reduziram a pó a cidade californiana. O episódio foi o pior desastre natural sofrido por uma cidade americana até hoje.
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    Jack London, romancista nascido na cidade, escreveu: "San Francisco desapareceu. Não ficou nada além da lembrança". O relato foi feito pouco depois da tragédia que se abateu sobre a então nona maior cidade dos Estados Unidos. Era o principal porto do litoral Pacífico e o centro financeiro do oeste.
    Mas um terremoto seguido de incêndio devastou a cidade naquela noite de 17 de abril, de um ar morno e agradável, incomum para a época. Muitos aproveitaram o sopro de verão para vestirem os melhores trajes e assistir à ópera.
    Precisamente às 5h12 da madrugada, um tremor de pouco mais de um minuto bastou para iniciar uma catástrofe que deixou cerca de 250 mil desabrigados, além de causar a morte de 3 mil pessoas segundo os cálculos mais conservadores. A cidade, que até o dia anterior havia sido um pólo de eventos culturais e de prosperidade econômica, foi completamente arrasada.
    Mais devastador que o terremoto em si, que alcançou 7,8 pontos na escala Richter, foram os pós-abalos e incêndios ocorridos pouco depois e de forma natural em algumas áreas da cidade, onde as instalações de gás vazaram.
    Em outros lugares, os desastres foram provocados. Alguns proprietários atearam fogo às suas propriedades. Eles tinham seguros contra incêndios, mas não contra os danos provocados por um tremor.
    Com os principais encanamentos danificados, os bombeiros foram incapazes de deter as chamas, que logo alcançaram o distrito financeiro e não demoraram a se alastrar pelas colinas e suas mansões.
    O terremoto, o pior desastre natural sofrido por uma cidade americana até hoje, foi tão forte que chegou a ser sentido no estado do Oregon, ao norte, e em Los Angeles, ao sul da Califórnia.
    O fenômeno abalou o mundo. Em parte, por ter sido a primeira catástrofe natural mostrada por fotografias, graças às primeiras câmeras populares, que a Kodak tinha lançado no mercado seis anos antes.
    Além disso, a ciência da sismologia estava em pleno auge, e tinha identificado, em 1893, parte do que hoje se conhece como a Falha de San Andreas.
    O terremoto de São Francisco foi um desastre anunciado pelos sismólogos e deixou vestígios semelhantes aos de 2005, em Nova Orleans, após a devastadora passagem do furacão "Katrina".
    O Escritório Meteorológico tinha registrado 16 pequenos terremotos em 1905, e o chefe de bombeiros, Dennis Sullivan, tinha alertado, poucos meses antes, para a possibilidade de que a cidade fosse reduzida a cinzas.
    "Esta cidade está no meio de uma falha. Qualquer dia acontecerá um tremor que deixará fora de operação o sistema de combate ao fogo, e teremos um incêndio. Que faremos então? Teremos que usar dinamite", disse Sullivan em 1905. As previsões de Sullivan se cumpriram com todas as letras e em três dias San Francisco ficou irreconhecível.
    No entanto, a cidade foi capaz de retomar suas atividades sob um ritmo excelente e, de quebra, preparou seus serviços de infra-estrutura para os desafios do século XX.
    "Ressurgimos das cinzas do grande terremoto para nos convertermos numa grande potência econômica e num centro cultural", comentou recentemente o atual prefeito, Gavin Newsom.
    Embora não restem dúvidas de que a cidade tenha recuperado grande parte de seu brilho, a aura de fragilidade acompanha São Francisco ainda hoje. Talvez nunca deixe de fazer parte do seu espírito. 
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